quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O Teatro Mágico: Entrevista - Fernando Anitelli






O Teatro Mágico surgiu com a ideia de levar aos palcos a estrutura de um “sarau” amplificado. O nome foi tirado do livro O Lobo da Estepe, de Hermann Hesse. Em uma passagem, a personagem principal se depara com uma placa onde se lê: “Esta noite o Teatro Mágico - Entrada para raros”. Na estrada desde 2003 a banda lançou no mês de outubro o terceiro trabalho ao vivo, o CD A Sociedade do Espetáculo. Segundo o integrante e idealizador do grupo, Fernando Anitelli, hoje “a formação (da banda) é outra, alguns integrantes continuam, mas O Teatro Mágico é uma experimentação constante”. Essa diversidade estará hoje a partir das 22h nos palcos do Sol Music Hall, num show da turnê de lançamento do novo disco.
Durante os 8 anos de carreira, o grupo lançou na última quarta-feira o clipe da música Esse Mundo Não Vale O Mundo, que faz parte do mais recente trabalho da trupe. O vídeo traz imagens das performances e números circenses, cenários e figurinos, uma pequena amostra do novo espetáculo. O clipe é uma junção de diversos momentos gravados em 6 diferentes shows da nova turnê da banda. A canção é de autoria de Fernando Anitelli, Gustavo Anitelli e Daniel Santiago, tem letra com clara inspiração em um poema de Drummond, e fala sobre as coisas enfrentadas no cotidiano.
O novo álbum foi intitulado com base no livro homônimo de Guy Debord. A obra, ainda atual, do filósofo francês versa sobre a imagem enquanto elemento organizador da sociedade do consumo, transformando a realidade em ficção, e a ficção em realidade. As melodias e letras têm conteúdo que pretendem levar ao público questionamentos sobre o mundo atual. Além das novidades estéticas, o trabalho traz novas temáticas e o diferencial da produção musical de Daniel Santiago, que ao lado de Anitelli burilou ideias, ritmos e sons.





Entrevista ~ Fernando Anitelli
DMRevista – Como foi o processo de escolha do nome da banda?
Fernando Anitelli – Surgiu do livro O Lobo do Estepe, de Hermann Hesse, existe uma passagem onde o personagem principal passa pela frente de um circo e a placa diz o seguinte: O Teatro Mágico: Entrada para Loucos, entrada para raros. Dali também surgiu o nome do nosso primeiro CD. No Teatro Mágico do livro, é onde o personagem principal se desnuda de todas as suas máscaras e vive intensamente. Queria passar essa ideia.

DMRevista – Como é entrar no palco e interpretar personagens?
Fernando Anitelli – Na verdade interpretamos personagens diariamente. Agora, enquanto você me faz essas perguntas, você está dentro do seu personagem jornalista e eu estou no meu personagem músico. Somos eternos personagens, e vamos tirando e colocando máscaras durante todos os nossos dias e vida.

DMRevista – Como é lidar com a produção e divulgação independente?
Fernando Anitelli – O comum é dizer que é muito difícil, e realmente o é. Mas eu acho que com a internet hoje a gente tem a possibilidade não só de conquistar o público, por ser um meio de comunicação totalmente livre, como você vive para seus nichos e consegue fazer uma carreira melhor e sem amarras. Com o rabo preso com quem realmente interessa: o público.

DMRevista – Quais bandas vocês têm ouvido atualmente?
Fernando Anitelli – Eu gosto de coisa velha. Coisa que me faz viajar e refletir sobre determinadas épocas, então tenho ouvido muito Clube da Esquina, por exemplo. Que é uma referência para esse novo álbum da trupe: A Sociedade do Espetáculo, que vai ser apresentado em Goiânia.

DMRevista – Qual foi a inspiração para o último CD da banda?
Fernando Anitelli – Como falei tem muita coisa brasileira: Clube da Esquina, Guarânia Gaúcha, Influências do Centro-Oeste também e o bom e velho Teatro Mágico de sempre.

DMRevista – Existe alguma música preferida?
Fernando Anitelli – Todas. Todas são filhos queridos para mim.

DMRevista – Como é a relação de vocês com as redes sociais? E o com os fãs na web?
Fernando Anitelli – Graças à internet somos o que somos hoje. Interagimos o tempo todo, respondemos, trocamos ideias etc. Pra você ter uma ideia, nesse trabalho atual temos a música: O que se perde enquanto os olhos piscam, que foi feita por mim em parceria com o público pelo Twitter. Foi uma das primeiras músicas no mundo, composta dessa forma. As pessoas mandavam coisas que se perdem facilmente e eu fui juntando na letra e deu no que deu.

DMRevista – Quais os projetos futuros da banda?
Fernando Anitelli – Quero lançar um CD infantil daqui algum tempo, mas ainda tem muito país e estrada pra rodar com A Sociedade do Espetáculo.

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